Ao tentarmos ensinar algo às crianças na escola, tal como ler e principalmente escrever, o fazemos dentro de uma perspectiva de compreensão do adulto, ou seja, ler e escrever são muito fáceis. Ler é automático a ponto de algumas empresas de out door para chamar a atenção da força do seu marketing escrevem cartazes com os dizeres “Não leia esse anuncio”. Isso para quem sabe ler é impossível porque é uma reação automática, esta intrínseca, inserida no nosso contexto cognitivo como uma marca incrustada em nossa memória de longo prazo.
Então os profissionais da educação, diante da facilidade que é a leitura, não consideram o nível de complexidade que é para uma criança. Ler e escrever são algo que as crianças não sabem como fazer porque não tem a menor noção do que seja. “Segundo VYGOTSKY (1987), a escrita é muito mais difícil do que parece, embora sua aprendizagem interaja com a leitura”. ROSA & NIZIO (1999, p.44)
Vygotsky em suas pesquisas percebeu que escrever seria como desenhar o que se fala. Então ao contextualizar com as crianças do primeiro ano, que entram em contato com a escola vamos dizer para elas.
“Crianças a partir de agora vocês vão aprender a desenhar a fala”, porque Vygotsky em suas pesquisas descobriu que escrever na realidade é uma forma de desenhar a fala através de signos e símbolos com sentido significado.
Essas crianças somente não irão cair na gargalhada porque tem certo receio do professor nos primeiros dias de aula. Mas certamente eles pensarão
“Que professor burro, como é que vamos desenhar a fala se não da para vê-la sair da boca”.
Isso porque o pensamento da criança é concreto, ela percebe aquilo que ela vê, ainda não tem a capacidade de cognição com o abstrato.
Mas na realidade escrever nada mais é que desenhar aquilo que é falado, mas desenhado símbolos aos sons produzidos pela fala.
Para Rosa & Nizio é uma condição primordial que a criança compreenda como funciona a língua escrita. Que ela perceba que é apenas um sistema de signos que não tem significado algum em si mesmo. Isto é, funcionam como um suporte para a memória na transmissão daquilo que queira se expressar e dizer.
Porém como vamos dizer isso às crianças? Passa então a ser uma dificuldade nossa. Como vamos expor essa situação em um cérebro ainda em formação e sem condições neurais de captar o sentido significado daquilo que estamos contextualizando?
Nesse ponto de divergência entre aquilo que é e aquilo que deverá ser, entra o brincar, o lúdico, porque é uma linguagem que a criança compreende brincar faz parte do mundo infantil, no brincar a aprendizagem acontece.
Podemos citar ROSSEAU, FROEBEL, DEWEY, VIGOTSKY, WALLON, PIAGET, LIBERMAN, SHIEBLES, FREIRE, MONTESSORI, CLAPARED e muitos outros que demonstram a influencia positiva do lúdico no aprendizado infantil. Todos são unânimes em afirmar através de pesquisas realizadas que o brincar transporta a criança para dentro do seu mundo onde ela cria espaços em sua imaginação para decodificar aquilo que lhe é apresentado como um problema, em busca de uma solução.
Assim sendo, o conhecimento acontece de dentro para fora, através da tentativa e erro, da descoberta de coisas novas, do desafio do inesperado e do novo, e da conquista do saber. Cada etapa que a criança avança o faz com a alegria da conquista e sua motivação em seguir em frente esta sempre em alta.
Como professor de educação física, percebo que a criança se mostra inteiramente enquanto esta brincando. Quando entro em sala de aula e as crianças estão sentadas, quietas, escrevendo, ao me verem seus rostos se iluminam e acompanha uma vibração latente e perceptível. Entretanto quando entro em sala e eles estão em pé, desenhando ou fazendo alguma atividade lúdica, minha presença quase nem é percebida. Nesse momento sinto que a alegria não é pela minha presença, mas pelo que eu represento. “O brincar”.
Entretanto o lúdico na educação infantil é algo recorrente e que todos os professores sabem de sua importância e relevância, o problema é como aplicar o brincar em sala de aula sem perde o controle e o fazer dentro de uma proposta pedagógica.
As atividades desenvolvidas dentro contexto “O SITIO DO VO BASTIÃO” tem procurado inserir jogos e brincadeiras que promovam os aspectos lúdicos em uma perspectiva pedagógica que faça da aula uma grande brincadeira, onde aconteçam descobertas de novas ações, que motivem o aprender, que o professor atue como mediador de conflitos e na resolução de problemas, mostrando o caminho e não mostrando a resposta.
Acredito que as propostas descritas no Sitio, se não for aquela que esteja de agrado do professor no momento, poderá servir de base para que este, partindo do modelo que tenha em mãos, crie uma atividade lúdica que se adéqüe ao conteúdo que lhe interesse.
O brincar, o jogo, o lúdico em sala de aula é uma necessidade para que nossos alunos aprendam com maior facilidade. O que precisamos é ter coragem para trilhar caminhos de novas propostas pedagógicas, fugindo um pouco daquelas mais tradicionais.
Referências
Bastos, A. L. – O Sítio do Vo Bastião. Futsalairton.blogspot.com. 2011
Rosa, A. P. & Nizio, J. di – Atividades Lúdicas, sua importância na alfabetização – Jurua. Curitiba - 1999
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