O brincar é uma das atividades principais para o desenvolvimento das crianças. Após estarem satisfeitas as necessidades básicas do ser humano, aquelas contidas na pirâmide de satisfação de Maslow, toda criança busca o brincar. Mesmo que esteja em silêncio ou aparentemente sem nada fazer a criança esta brincando com sua imaginação. É impossível fazer uma criança parar de brincar.
A criança se comunica através de gestos, de sons e da imaginação de determinados papeis que passam a desempenhar brincando com o adulto e percebendo as suas reações. Estas brincadeiras desenvolvem sua atenção, a capacidade de imitação, a representação e comunicação a imaginação e a memória para lembrar quais as reações dos adultos em determinados movimentos seus.
O desenvolvimento infantil é comprovado, através de estudo proveniente da psicologia, que se estabelece mais facilmente no movimento onde pode agregar o sensório motor, o sócio afetivo, o simbólico e o cognitivo.
No mundo adulto é fácil perceber quando estamos brincando ou quando estamos fazendo algo com seriedade. No mundo infantil tudo é seriedade para a criança e ela não percebe que brinca apenas os adultos percebem que a criança esta brincando.
Ao se permitir entrar no mundo infantil e brincar junto dos seus alunos, o professor esta dando um passo importante para adquirir a confiança e ser o guia deste brincar, conduzindo então para o caminho do conhecimento ao qual ele deseje alcançar. Explorar o universo infantil vai exigir do professor uma sabedoria de conhecimentos práticos e teóricos que possam flutuar entre o ensinar e o brincar sem, contudo sair desse universo infantil, mas entrar no processo de fixação do aprendizado dentro dos níveis de conhecimentos exigidos pelo currículo escolar.
Partindo da premissa de Vygotsky onde todo conhecimento é mediado, o professor como o principal mediador ao ingressar no mundo infantil, será visto como um deles, mas considerados como com maior experiência e conhecimento, portanto capaz de assumir a frente do caminho que leva ao aprendizado. Essa confiança do aluno no professor, não apenas no reconhecimento do seu saber, mas principalmente no entregar sua vida para que seja conduzida, é fundamental para a consolidação do aprendizado.
Tendo o professor adquirido a confiança dos alunos este pode deixar e influenciar os alunos a movimentar-se em sala de aula, buscando compor com seus colegas a construção do conhecimento através da interação entre eles.
O movimentar-se em sala de aula é defendido também por Montessori que entende o livre transito das crianças sem ter um lugar fixo, ou uma tarefa única, onde o professor se mistura entre os alunos sendo mais um deles, tem um maior desenvolvimento da independência e da iniciativa pessoal. Desta forma a criança parte do concreto rumo ao conhecimento abstrato onde aprende melhor através da experiência direta e da descoberta.
Para o maestro Lucas Ciavatta, o conhecimento necessariamente deverá passar pelo corpo, que deve senti-lo vivendo de forma lúdica, concreta e se estabelecendo subjetivamente, mas acessível quando requisitado pela memória de longo prazo.
Wallon que entende ser a emoção o principal mediador da capacidade de aprendizagem, que as emoções precisam da organização de espaços para se manifestar. Nesta perspectiva a motricidade tem um caráter pedagógico pela qualidade do gesto pela sua representação e pelo seu sentido significado.
Assim entende que quebrar a rigidez e a imobilidade da sala de aula adaptando para que as crianças possam se movimentar mais e desenvolver um número maior de atividades lúdicas, vem a ser uma proposta pedagógica solida no caminho da aprendizagem.
Para Wallon as idéias infantis são lineares e se misturam gerando uma série de conflitos entre o mundo imaginários de sonhos e fantasias, e o mundo real cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. Assim sendo, neste conflito de situações com o desprendimento de inúmeras emoções o conhecimento se estabelece.
É importante ressaltar neste contexto de brincadeira escolar que o movimento não é feito apenas no sentido motor mecânico, mas recheado de sentido significado, contextualizado o movimento conjuntamente com o sentido cognitivo do mesmo, explorando a psicomotricidade onde carrega junto ao movimento os objetivos pedagógicos da aprendizagem nos diferentes níveis de escolaridade.
Para Ferland, mesmo o brincar sendo desenvolvido pelo sistema motor, as crianças não teriam prazer em brincar se não tivessem habilidades cognitivas as quais lhe fornecem sentido significado do brincar permitindo compreender o ambiente e desenvolver o pensamento.
Vygotsky ressalta também que a brincadeira infantil mesmo sendo livre e não estruturada possui regras embutidas o que afetam o comportamento da criança, assim sendo entende que o brincar é essencial para o desenvolvimento da criança.
O brincar tem também a capacidade de fazer relaxar a criança deixando assim seu cérebro mais aberto a receber o conhecimento. Durante o brincar esse conhecimento vai invadindo o cérebro infantil e criando estruturas mentais sólidas para a sua fixação. Além disso, pela dinâmica do brincar as informações vão abrindo novos canais neuronais estabelecendo muitas vias para se chegar a esse conhecimento o qual, quando requisitado terá maior agilidade pela fluência e velocidade das várias vias de acesso.
Souza entende que o brincar infantil não é apenas algo em que a criança se diverte, mas também se desenvolve enquanto pessoa, enquanto ser social. Pois o brincar infantil não é apenas um ato comum, mas sim algo com muita complexidade, com inúmeros valores finalidades éticas, respeito às regras, e que irão contribuir com o desenvolvimento da personalidade e do caráter, portanto, é muito importante que o brincar faça parte constante e ativa da vida da criança.
De acordo com inúmeros estudos de vários educadores ou então pessoas que se preocupavam com o desenvolvimento humano e elencam o brincar como fundamental se percebe que a criança de uma forma geral brinca e aprende. Porém, esse brincar sofre uma ruptura muito grande no momento em que essa criança passa a frequentar o ambiente escolar.
Em virtude da seriedade, entendida pelos adultos na necessidade de ensinar, as propostas pedagógicas tradicionais vêem o ensinar como algo afastado do brincar. Existe uma confusão entre o jogo, o lazer, o prazer, a diversão, a irreverência do brincar e a capacidade de aprendizado.
Porém o aprendizado acontece muito mais facilmente quando a criança brinca, pois uma atividade desenvolvida de forma lúdica, relaxa a criança, abre canais neuronais expandindo o cérebro infantil, ampliando a capacidade de velocidade na passagem das informações proporcionando uma melhor compreensão, captação e apreensão do conteúdo vivido.
Referências
Ferland, Francine, O Modelo Lúdico – o brincar, a criança com deficiência física e a terapia ocupacional – Roca 3ª Ed. São Paulo - 2006
Ferrari, M. - http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_Escolar - 2009
Souza, L. Laura, O Lúdico: aprender brincando na educação infantil. http://www.webartigos.com/articles/27525/1/ O-LUDICO-APRENDER-BRINCANDO-NA-EDUCACAO-INFANTIL./pagina1.html#ixzz1MjRMMs4o 2009
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