A partir da década de noventa o lúdico passou a ser palavra recorrente em espaços pedagógicos, dando uma ênfase relevada ao assunto, orientando professores a nortear o seu trabalho dentro de atividades lúdicas, pois estas eram olhadas como positivas, e que certamente dariam bons resultados. O grande problema sempre foi; o que seria o lúdico no processo de ensino, como se utiliza o lúdico em sala de aula, como brincar com os alunos sem perder o controle da turma, uma vez que criança brincando sempre causa muito barulho.
Mas a corrente da ludicidade se espalhou rapidamente pelas escolas e todos tem se expressado no sentido de buscar mais alegria, mais brincadeiras e maior participação do aluno no conteúdo. Assim o lúdico ganhou força no panorama pedagógico nacional ou como enfatiza Pinho (2009) “O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano”.
O brincar possibilita a criança sua relação com o mundo externo e com o mundo dos adultos, integrando estudos específicos através da representatividade, auxiliando assim na formação da sua personalidade, pois através do brincar ela forma conceito, valores, regras, selecionam idéias, estabelece relações entre fatos dentro de uma lógica real, analisa situações que são compatíveis com sua idade e seu desenvolvimento, interage com seus colegas criando empatia e socialização.
Essa convivência escolar de forma prazerosa com seus colegas e professores irá estabelecer relações cognitivas às experiências vivenciadas, dar um sentido significado ao conteúdo desenvolvido, determinar a situação e o momento de sua utilização e sua relevância, e estabelecer uma sanidade mental onde a criança manterá seu ego verdadeiro intacto e crescerá sendo ela mesma, buscando soluções para os problemas encontrados dentro de uma lógica possível e interagindo com os colegas e com os objetos nesta busca por soluções, respeitando as regras e os valores intrínsecos que percebeu no jogar e brincar
A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos. (PINHO, 2009, p. 1)
O jogar e o brincar exercem sobre a criança um fascínio especial que pode facilitar o progresso de sua personalidade, assim como a transformação das suas funções psicológicas superiores intelectual e morais. Para Rosa & Nisio (1999), quando inicia sua vida escolar a criança passa por uma situação de impacto físico emocional, e uma ruptura brusca em seu mundo vivido até então. Aquilo que era seu mundo, ou seja, seus familiares e seu unicamente brincar passam a ser povoado com mais pessoas, e o brincar é afastado do seu cotidiano.
Portanto a escola inserindo em seu contexto curricular a ludicidade pode auxiliar a criança a se sentir mais a vontade no ambiente, pois estará desenvolvendo uma atividade que sempre fez parte do seu cotidiano, ou seja, brincar, facilitando o processo de aprendizagem e como enfatizam Rosa & Nisio, criando um ambiente alfabetizador, onde ira ser favorecido o processo de aquisição da linguagem escrita, sendo desenvolvido em um processo dinâmico e criativo valorizando o saber escolar socialmente diminuindo o impacto e a ruptura inicial da criança.
Para Vygotsky (1991) o brinquedo tem a capacidade de preencher as necessidades da criança no sentido do motivo para a ação. Ao não conseguir satisfazer algumas de suas satisfações, a criança cria um brinquedo onde ela atua subjetivamente se envolvendo em um mundo ilusório e imaginário passando por um processo de maturação. Como Vygotsky entende que as funções da consciência e a imaginação surgem da ação, o brinquedo então é a imaginação em ação.
Desta forma, o brincar em sala de aula transporta a criança para o seu mundo vivido até então, facilitando a capacidade de desenvolver sua potencialidade de aprendizagem da leitura e da escrita.
Referências
Pinho Raquel, O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM publicado 10/07/2009 por RAQUEL PINHO em http://www.webartigos.com
Rosa A.P. & Nisio J. di, Atividades lúdicas – sua importância na alfabetização Jurúa Curitiba – 1999
Vygotsky, L. S. A construção do pensamento e da linguagem – Martins fontes – São Paulo - 2001
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